domingo, 10 de julho de 2011

Viver em comunidade: tortura?

Vivo numa residência universitária há já 3 anos. 
No primeiro ano morei num a pequena, eramos talvez 15, no máximo. Tudo corria bem, até chegar a minha colega de quarto. Quando antes as cozinhas e as casas de banho estavam sempre limpas e arrumadas, quando ela chegou, instalou-se o caos: louça (que não era dela) sempre suja, casas de banho também sujas - chegou a haver alturas que a banheira ficava entupida com cabelo e a sanita com pensos higiénicos. No nosso quarto o cenário não era muito diferente: um cheiro horrível a pés suados, roupa suja amontoada a um canto, sujeira no chão...Dei o TILT quando cheguei um dia a casa e vi a minha cama cheia de coisas dela e a minha secretária remexida. Fui falar com a responsável pelas residências e disse que não conseguia viver lá, as minhas noites de sono tranquilas eram praticamente inexistentes (não conseguia dormir com ela a ressonar..
sei que não tinha culpa, mas eu também não!), não tinha privacidade e não era respeitado o meu espaço. 
No segundo semestre, fui então transferida para para outra residência, um bloco que acomoda 44 raparigas, já com quartos individuais. Cada bloco tem uma comissão de residentes. Esta tem como função manter a ordem e fazer a ligação entre as residentes e a responsável. 
A comissão era óptima e nunca teve problemas de grande preocupação e de difícil resolução. 
Até este ano.
A comissão mudou, e vieram os problemas a sério. Roubos de comida, de roupa interior, de utensílios de cozinha. Uma verdadeira porcaria nas casas de banho, fogões que não são limpos depois de usados. Enfim, começa a ser de loucos.
Viver em comunidade não é suposto ser uma má experiência. Tudo bem que é muita gente, mas se todas seguirmos regras e fizermos o mesmo que fazemos em casa, tudo corre bem. 
Se se suja algo, limpa-se, não se espera que venha algum criado atrás limpar. Se se precisa de algo que alguém tem, pede-se, não se rouba. Depois do banho, tira-se os cabelos do ralo, não se espera que fique a entupir. Depois de usar a sanita, limpa-se é para isso que existem escovilhões! Se o saco do lixo da cozinha está cheio, e as empregadas não vieram, deita-se fora e coloca-se outro saco, não é colocando ainda mais lixo por cima que ele vai ser trocado. Se se coloca alimentos no frigorífico, convém ter em atenção os prazos de validade ou o tempo que poderá aguentar sem se estragar. E se é um frigorífico familiar usado por mais 21 pessoas, não vamos trazer comida para uma semana inteira, não é??
Outro problema aqui o isolamento sonoro. É fraco, muito fraco, e ouve-se tudo (o ano passado cheguei a acordar com a minha vizinha a pinar). Este ano, tive que fazer papel de picuinhas mal encarada, deixando alguns recados, por exemplo, a pedir para ter em atenção a hora do banho: ora de madrugada as pessoas dormem, não têm como objectivo ser acordadas pela água a correr nos canos. Este banhos repetiam-se todas as santas noites. 
Viver em comunidade requer trabalho, mas se todas agirmos bem, torna-se uma experiência agradável. Mas para isso é preciso haver respeito entre as pessoas e respeito pelas regras e é preciso ser-se uma pessoa higiénica e asseada.

6 comentários:

Sofia disse...

Eu nunca passei por isso, quando fui estudar para fora fui morar sozinha e uns meses mais tarde uma amiga foi morar comigo... Acho que me passava se algum dia chegasse a casa e alguém tivesse mexido nas minhas coisas!

Jane disse...

é bastante complicado..eu tive azar, pois conheço pessoas que ainda hoje moram em quartos duplos e estão super bem!:)

Mary Jane disse...

Se já viver numa casa com 4 pessoas é complicado, então numa residência a história complica ainda mais! Percebo as dificuldades e compreendo que desesperes com elas!

R disse...

É mesmo complicado. As pessoas hoje em dia cada vez têm menos princípios, cada vez estão mais à espera que lhes caia tudo feito do céu, e usam a filosofia do que é mais fácil e não do que é mais certo. Mas enfim... tens que ter paciência, muita paciência.

Jane disse...

Após este tempo todo a morar aqui, quase posso afirmar que encontrei a Fonte da Paciência Eterna!

Happy Brunette disse...

Possas credo! Tenho uns amigos que estiveram o tempo todo de faculdade em diversas residências e por acaso qualquer um deles refere stresses sobretudo com a limpeza e com o respeito pelo proximo (especialmente com o barulho...)