domingo, 16 de fevereiro de 2020

Como se vive sem uma Mãe?

Para muitos esta pergunta é de resposta óbvia e fácil: bem.
Para mim, é ainda não conseguir falar sem doer o peito, sem apertar a garganta e sem cerrar os dentes com força para as lágrimas não caírem.
Há três anos que ando a tentar saber não como se vive mas como se sobrevive sem ti, sem a minha Mãe, e sei que chegarei ao fim dos meus dias sem o saber.
Três anos. Já faz três anos que te levaram para longe de nós. Três anos que o mundo virou um filme a preto e branco, sem falas, sem as tuas gargalhadas, sem o arco íris do teu sorriso que se apagou e deixou para trás as memórias dos nossos dias felizes.
Tenho tantas saudades tuas, tantas que sufocam, que apertam a garganta como a mão de um assassino, estrangulam o nó dos choros tantas vezes engolidos à força de um sorriso amarelo e um “está tudo bem”. 
São tantas as saudades dos teus conselhos, de ouvir a tua voz serena, de ver o teu sorriso luminoso, de me dizeres que tudo vai correr bem. 
“Pensamento positivo atrai coisas positivas.” Se pelo menos te trouxesse de volta... 
Três anos e nada na tua partida faz sentido. 
A maior parte do tempo é como se estivesse num estado de dormência, uma dor adormecida e mascarada pelo quotidiano, pela roda viva que é a Vida, e do nada, uma pequena frase, um gesto, uma referência tem o efeito Borboleta e tudo desaba em mim. O pouco que se vai reconstruindo cai por terra. Hoje foi uma série, amanhã é uma foto nossa. Fazes-me uma falta tão grande que preciso dos meus sonhos para te ver viva e falar contigo, abraçar-te, ouvir a tua voz.
Para muitos deve ser realmente fácil viver sem uma Mãe, eu mal consigo respirar sem a minha.