quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A última conversa

Há tanto que ainda gostava de te poder dizer e hoje decidi escrevê-lo porque se mantenho isto em mim mais tempo vou explodir. Fecha os olhos e recua no tempo. Lembras-te da primeira vez que me viste? Da primeira vez que me dirigiste a palavra? Eu lembro. Convidaste-me para ir contigo fumar na tua pausa. Eu disse que não, que tinha que ir embora, mas na verdade, eu senti que não podia estar contigo a sós, e mal te conhecia. A tua presença enchia a sala. E tirava-me o fôlego.
Fecha os olhos e recua no tempo. Sentes este cheiro no ar? O cheiro do nosso primeiro jantar. Bacalhau à brás e sangria. Eu sinto. E sinto o mesmo calor que senti quando te aproximas-te de mim enquanto eu (tentava) cozinhar. Quase consigo ouvir as nossas respirações aceleradas, carregadas de desejo, de euforia, da expectativa da primeira vez.
Se eu fechar os olhos com força sinto o teu perfume inundar a minha zona de conforto, vejo o teu sorriso e os teus olhos escuros olharem dentro de mim. Olharem muito para além dos meus. Se eu fechar os olhos sinto os teus lábios beijarem os meus, como se todo o meu ser te pertencesse.
Quando chego a casa do trabalho, depois de mais um dia terrível, só me apetece falar contigo. Resisto à tentação de te enviar uma mensagem, de saber de ti. Resisto à vontade de querer ficar horas a fio a falar contigo, sobre tudo e sobre nada. Queria contar-te o meu dia, e contar-te de novo tantas coisas que já te contei.
Disseste-me uma vez que te conheço melhor que muita gente, mas não consigo acreditar que seja verdade, nem pouco mais ou menos. E aí ainda fico com mais vontade de te voltar a conhecer. De ficarmos perdidos nas horas, a ver "Death at a funeral" entre beijos e abraços, e acordarmos para a vida mesmo na hora dos créditos.
Sinto-me bipolar. Tão depressa sinto raiva de ti como sinto umas saudades horríveis. Que me apertam o peito, me sufocam, que aceleram o coração.
Tenho inveja de toda a gente que ainda tem a sorte de fazer parte da tua vida. E apetece-me chorar.
O estrago que fizeste foi demasiado, eu nunca devia ter-te deixado entrar na minha vida. Foste o meu furacão Katrina, que chegou de forma inesperada, arrasou-me por completo e foi embora mais depressa do que chegou.
Estou bem enquanto não te lembro, enquanto não recordo os nossos momentos, as memórias dolorosas que me deixam um vazio enorme cá dentro.
Só queria conseguir fazer voltar o tempo atrás, ou falar-te de tudo isto abertamente, na condição de que a tua resposta seja a mesma que nos meus sonhos: "também tive tantas saudades tuas".
Sinto que lidei com duas pessoas completamente diferentes. Ou como se nunca tivesse existido aquele Mágico, misterioso e cativante. Sinto que me magoas-te de propósito, como se me tivesses a castigar por ser fraca.
Queria poder mandar-te uma mensagem, marcarmos um café, queria que pudéssemos finalmente ter a conversa que nunca tivemos, a conversa que me prometeste mas que nunca aconteceu.
Já passou mais tempo do que eu gostava, e mesmo assim ainda te trago comigo.
Acredito que para ti já seja passado, que fui mais uma pessoa na tua lista, mas eu preciso do meu fecho. Preciso de fazer o meu luto, esquecer de ti, das tuas palavras e dos teus beijos, esquecer o quanto me querias, preciso que me morras. Confesso que imaginei castelos, quando na verdade tudo não passou de uma tenda à beira mar plantada. Confesso que quis ler nas tuas palavras mais do que um simples Sexo, mas acho que nunca irei deixar pensar no "e se?". Não fui honesta comigo, nem com quem me rodeava. Se calhar nem contigo fui, ou nunca teria chegado a este ponto de sufoco.
É ridícula a forma como não me sais da mente, como sou constantemente assombrada por lembranças dos nossos momentos. E tenho tantas saudades tuas, porra! Não me consigo esquecer daquela noite, que me olhaste nos olhos, totalmente bêbado, e me disseste "que queres que te diga? que gosto de ti? sim, gosto!". Como queria ter-te beijado! A noite estava gelada, eu tinha a alma gelada, e o teu beijo ia acabar com este inverno que se tinha instalado no meu coração. Queria-te (e quero-te?) tanto. Mas tive tanto medo. Ignorar era cada vez mais difícil, estava a por tanta coisa em risco, e mesmo assim era como se uma força imaginária apertasse o meu coração e me obrigasse a respirar apenas o teu nome. Rio-me de mim mesma ao lembrar das tuas mensagens, em que dizias que davas tudo para estar comigo, e agora nem és capaz de me cumprimentar... Se soubesses como isso me magoa. 
Como é que fomos de íntimos a desconhecidos tão rápido? Acho que nunca te entendi, e mesmo assim estou aqui, a sentir a tua falta. Deixou de ser só sexo para mim ao fim de pouco tempo, e eu não quis perceber isso, não quis admitir que estava a apaixonar-me por um playboy.
Já não posso desabafar com mais ninguém, porque simplesmente disse que estava bem, que já tinha passado e que me estava a cagar para tudo. Mas não estou. Não sei o que quero, não sei o que sinto nem que m3rda provocaste em mim, mas hoje será a última vez. Hoje morreste-me, e eu não quero mais lembrar de ti.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Sair de uma relação, qualquer ela que seja é sempre complicado. E estranho. É aquela altura em que quando nos cruzamos, que nem perfeitos desconhecidos, a memória atraiçoa e faz questão de passar em grande plano filmes dos maiores momentos que passaram juntos. E se houver momentos escaldantes, pior ainda. 
É altura em que se fecham portas, mas só de ver a luz passar por baixo, o estômago fica pequenino, e a garganta enrosca-se nela mesma, num nó doloroso e apertado. O nó eventualmente irá soltar-se, e o estômago irá voltar ao tamanho normal, mas até lá, tudo o resto se contorce num misto de tristeza, e saudade. É o luto da relação. É quando se sabe que já não há volta a dar, que o prazo de validade já expirou, mas mesmo assim insistimos em cheirar, só para ter mesmo a certeza que está estragado, só para ter a certeza que se voltarmos a consumir, vamos ficar com uma intoxicação amorosa. 
E por muito que se queira fechar os olhos, e desejar com a própria vida que quando os voltar a abrir esteja tudo como antes, não vai estar. Provavelmente ele já vai estar com outra pessoa, já terá fechado o capítulo e começado outro, sem que tenhamos conseguido sair da última página. Sair de uma relação, qualquer ela que seja é sempre complicado. Mas não é impossível. Nada é impossível. E quando menos se espera, um novo capítulo já começou, pronto para curar as feridas que o anterior deixou para trás.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Quero-te

Quero-te.
Quero-te fora dos meus pensamentos
e dos meus devaneios..
longe dos meus lamentos
Quero-te longe dos meus receios.
e dos meus tormentos,
e dos meus anseios.

Quero-te tanto.
Quero-te fora dos meus medos,
Quero-te longe das minhas fraquezas.
Quero-te sem segredos,
longe das minhas ilusões
Quero-te, sem certezas.
Quero-te, sem emoções.

Quero-te ainda mais. 
Quero-te fora das minhas mágoas.
Quero-te fora da minha imaginação.
Quero-te longe dos meus sonhos,
Especialmente longe do meu coração.




quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Eu é que não pensei

Nunca pensei que iria um dia seguir as tuas pisadas. Que iria viver os teus triângulos e as tuas dúvidas. Nunca pensei que, tal como tu, iria estar numa encruzilhada, sem saber que caminho seguir. Ou se calhar, tal como tu, sabia bem, mas não queria saber.
Nunca pensei, que tal como tu, as minhas certezas iriam ser abaladas por um terramoto que chegou à minha vida da mesma forma que chegou à tua, sorrateiro.
E sem que desse conta, já tudo estaria por terra.
Nunca pensei que acontecesse a mim o mesmo que aconteceu a ti.
Esse terramoto, que no meu intimo mais presunçoso e senhor da razão, julguei e condenei. Agora sou eu que me julgo e me condeno, porque não estás aqui para o fazer por mim.
Nunca pensei. Na verdade, nada acontece só aos outros, eu é que não pensei.

terça-feira, 29 de julho de 2014

#projectomeianoite - conto 1 (incompleto)

Meia noite.

O luar ilumina o quarto, por entre as frinchas da janela. Recostada na cama, acende um cigarro enquanto lhe admira os contornos já sem vida. Respira, calmamente. «Otário.». Levanta-se, embrulhada no seu pudor, e dirige-se ao chuveiro. A água quente percorre-lhe as curvas, acompanhando o ritmo gélido do sangue que escorria na divisão contígua. Enquanto o vapor embacia os vidros, transformando a casa de banho num lugar húmido e repleto de sombras, ela perde-se em pensamentos obscuros, qual barco à deriva numa tempestade.
Na rua ouviam-se o latir dos cães, e o camião do lixo, que decidira passar mais cedo nessa noite, desperta-a. Bolas! O que faria agora com ele?
Enquanto tenta evitar que as gotas de água que pingavam do seu cabelo manchassem a sua obra de arte, contempla os traços daquele que há horas atrás fora um maravilhoso amante. Era um homem já vivido, porém o seu charme e a sua arrogância, disfarçada de soberania, tinham-na enfeitiçado. Desejava-o secretamente. Até aquela noite.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

#projectomeianoite - Intro

É meia-noite.
As palavras fluem-lhe pelo dedos, enquanto as emoções às quais cedeu fazem as vezes do coração e bombeiam por todo o corpo uma adrenalina mais vital que o próprio sangue.
É meia-noite.
Não tem norte, não tem sorte. Apenas escreve, rápida e ansiosamente, como se todo o tempo do mundo não lhe desse tempo suficiente para ela poder dizer tudo o que ia na alma.
É meia-noite.
Ela tenta desesperadamente resolver a charada em que se tornou, mas aquele enigma torna-se cada mais abstracto e mais estrangeiro a si mesma.
É meia-noite.
O desespero de ter tanto para dizer, tanto para mostrar, tanto para gritar aos 4 cantos do mundo. O desespero por os seus dedos não acompanharem o ritmo do seu cérebro. O desespero das letras atabalhoarem-se umas com as outras, enquanto o sangue escorre num fino fio das pontas dos dedos ensanguentados.
É meia-noite.

Recomeça a penosa viagem a que é obrigada fazer, todos os dias à meia-noite. E a tortura da sua descoberta não sai daquele ciclo vicioso.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Onde o vento me levar...

No meu caso é mais onde o dinheiro me possa levar.

Segue aqui um top de cidades/viagens que quero fazer, melhor dizento, que ainda hei-de fazer! :)

1. Cruzeiro no mediterrâneo
2. Tour pela Grécia
3. Alghero, Sardenha, Itália
4. Cidade do México
5. Gizé, Egipto
6. Casablanca, Marrocos
7. Tour pela Índia
8. Roadtrip pela Europa de Leste
9. Nova Iorque, USA
10. Tour pela Escócia.
(lista em construção)

Assim de repente, eu diria que nasci para ser rica e derreter o meu dinheirinho todo em viagens.
E roupa vá. Também tenho o meu qb de futilidade. :)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

-amo-te

Amo-te. Não te amo, preciso-te. Os sentimentos saem-me pela boca, como um êxtase do coração. Os meus sentidos gritam por ti. Todo o meu ser és tu. É mais forte que a Humanidade toda junta, é de Olimpo, e eu não entendo como algo tão grandioso pode caber em mim.
Amo-te. Não te amo, preciso-te. O tempo passa, por ti. A vida continua, por ti. É mais que sentimentos, mais que palavras podem conseguir traduzir. Não chegam. Um dicionário é poeira comparado com o que tenho guardado em mim. É uma febre de amor, uma loucura, que sai pelos dedos atabalhoadamente.
Amo-te. Não te amo, preciso-te. Deus, que saudades eu tinha disto. Deste furacão de sensações, desta loucura de querer gritar tudo e não ter voz.
Amo-te. Não te amo, preciso-te.
Quero-te.