sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Sabes a minha morada, sabes onde fica a minha caixa de correio, aquela onde deixaste as chaves, daquela vez lembras-te? Aquela vez em que tudo (re)começou, quando, já não te servindo para mais nada, escolheste não querer ver-me. Preferiste a caixa do correio.
Sabes o meu contacto, aquele que disseste já ter guardado num sítio seguro, p'ra quando mudasses de número não me perderes, lembras-te? Aquele número, gravado com aquele nome que escolheste ignorar quando apareceu no teu visor “tenho saudades tuas.”
E queria eu poder marcar o teu número no meu telemóvel, voltar a dizer, tantas vezes quantas fossem preciso para ganhar o teu coração, as saudades que tenho de ti, da tua voz, dos teus abraços onde o tempo parava, onde o teu perfume e os teus beijos me inebriavam mais que qualquer licor. 
Queria contar te sobre o meu dia, rir das nossas vitórias contra o mundo que lutava contra nós - sim, na verdade era uma luta, mas eu batalhava sozinha por algo que nunca existiu.
Mas sabes, sem que o quisesses ensinaste-me a não confiar em ti, a não contar contigo. 
Ensinaste-me da pior forma que apenas poderia contar comigo neste estranho amor que eu acreditava existir. 
Com todas as vezes que me deixaste desamparada, ensinaste-me o caminho para te largar. 
Em todas as tuas ausências que chorei, mostraste-me que só as minhas mãos poderiam limpar as minhas lágrimas. 
Deste-me todas as armas para lutar contra a minha vontade de ficar à tua espera e só assim consegui perder-me de ti. 
Quase morri de saudades... quase! 
Mas o teu desprezo trouxe-me de volta à Vida.