sábado, 30 de dezembro de 2017

Back...?

Recentemente fui desafiada a escrever de novo antes do fim do ano chegar- e quando digo recentemente digo há três dias atrás. Right! Fiquei inicialmente estática a olhar para aquela mensagem, com os olhos esbugalhados, reacção essa que foi rapidamente substituída por um riso trocista como quem diz «pfff sonha! Já não sei escrever».
«...Já não sei escrever!». Aquelas palavras ficaram a ecoar no meu cérebro, todo este tempo, provocando uma nostalgia dolorosa ao relembrar a forma tão simples e leve como antes conseguia fazer deslizar o que me ia no coração pela pontas dos meus dedos, num teclar quase automatizado...Mas, como estava a dizer, fiquei todo este tempo a matutar neste assunto, com a minha linha de pensamento saltitando entre temas. Escreverei sobre o Amor? Sobre os meus sonhos? Sobre a Saudade, aquela palavra tão portuguesa, tão sentida por um povo que só sabe murmurar queixumes? 
Eu gosto de desafios. São os desafios que nos fazem crescer, aprender, evoluir como pessoas. Somos desafiados desde crianças - quem acabar a sopa primeiro recebe um prémio. Quem se portar melhor na escola recebe um autocolante em forma de cara a sorrir. Quem tirar melhores notas terá mais sucesso, and so on. Para além de gostar de desafios, tenho muito mau perder. Um desafio para mim é uma aposta - que eu quero ganhar.
Assim, cá estou eu, recostada no sofá, computador no colo e uma página em branco perante os meus olhos. A única coisa que me passa pela cabeça é que se passou mais um ano - se passou mais um ano. É inevitável neste altura olharmos para trás e colocarmos na balança o ano corrente versus o ano anterior e claro, como Humanos que somos, fazer comparações. 
No ano passado, por esta altura escrevi isto:



"2016 cá estou eu, viva, recostada na cama, meia atordoada, sem saber bem o que dizer, com uma manga rasgada e um olho negro da coça que me deste. Mas estou viva. Quase tudo o que podia ter corrido mal correu, até ao último dia. Mas deixei-te para trás, num saco com memórias e lições, e recebi 2017 de braços abertos, porque sinto que é este ano o ano da mudança, o ano de viragem. O ano em que vou limpar a minha vida como quem limpa uma casa. A tralha vai pro lixo e só se guarda quem realmente importa. Bom ano a todos. 2017, bring it on!!"


Perdoem-me o francês mas, Merda!, como 2017 levou a sério o bring it on. Conseguiu que um ano depois eu esteja num estado de espírito muito semelhante - aquela sensação de quem acaba de sair de um combate de MMA com uma tremenda derrota em cima dos ombros - mas não! É certo que nada do que eu tenha ganho este ano irá sequer fazer mexer um milímetro a balança face à maior perda que algum dia imaginei vir a ter - a minha Mãe. Quando se diz que perder uma Mãe é o fim do mundo, é muito perto disso. É sentir a Vida querer abandonar o nosso corpo e ir junto daquele caixão que a terra engole a passos largos. É um nó na garganta que aperta tanto como o nó no coração, no estômago, na alma e nos arranca os ar dos pulmões, faz-nos perder o fôlego e faz-nos perder a voz. Inevitavelmente as lágrimas saltam dos olhos à mínima lembrança, mas apesar disso, eu sei que não a perdi na verdade. Ela esteve lá sempre, a acompanhar cada passo dado por quem lhe sente a ausência até nos ossos. 
Foi um ano de mudanças, é um facto. Ver a nossa vida virada de pernas pro ar só nos leva a um caminho: endireitá-la. É levantar a muito custo, dar a mão a quem não arredou pé e aos poucos, como se tivéssemos voltado a ser bebés, aprender de novo a caminhar. Um passo de cada vez. 
Tive o meu coração partido, deixei - temporariamente - de acreditar no amor e no "viveram felizes para sempre" mas voltei a colá-lo e a fortalecê-lo. Aprendi que nós fazemos os nossos próprios happy endings. Aprendi que realmente o tempo é relativo, "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem". Mudei de cidade, mas não mudei de "família". Não são dois dígitos de quilómetros de distância que conseguem rebentar com os laços que nos unem àqueles que mais amamos. Conheci pessoas novas - umas maravilhosas que conquistaram muito rápido um lugar no meu coração e outras que acredito terem entrado no meu caminho para me ensinar algo. Mudei de trabalho e por infortúnios menores até de carro mudei. Cometi erros, toneladas deles, alguns talvez nem me tenha apercebido no imediato, mas acima de tudo, eu mudei. Apesar tudo, fortaleci-me, cresci. Aprendi lições que irão ficar gravadas para sempre. Lutei, muito, e vou continuar a lutar, porque assim me ensinou uma Guerreira a fazê-lo. 


Bom ano a todos os que lerem estes devaneios,

Jane.

1 comentário:

Tiny disse...

Até estou com um nó na garganta do que acabei de ler...um abraço grande...❤️