sábado, 12 de dezembro de 2009

Reflexões nº3

São 23:14. Tive hoje um ataque de fúria. Agora estou calma, a ouvir Manuel Cruz. Foi preciso levar uma "pancada" para perceber que de facto não vale a pena. Para perceber que nada do que sonhei vale a pena continuar a sonhar. Não existe ninguém perfeito. Nem homens nem mulheres. Não existem momentos perfeitos. As músicas românticas não têm mais significado para além daquele que nós lhe damos. Não existem lugares marcantes, apenas histórias que lá se desenrolaram. E que por isso mesmo se chamam histórias. Coisas que aconteceram e que a probabilidade de se repetirem é ínfima.
Não existem objectos com significado marcante, existe apenas o significado que lhe está associado. Memórias. Imagens, momentos, cheiros que o nosso cérebro gentilmente memoriza e que é nosso trabalho retirar-lhe qualquer valor, para quando nos lembrarmos, não doer. Até agora não tinha sido capaz de perceber e ultrapassar isto tudo. Até agora eu acreditava em verdadeiros contos de fadas e amor eterno. Mas como ele diz, "o amor é eterno enquanto dura". O meu pode não ter acabado, ou sequer ter sido digno de chamar amor, consoante o ponto de vista. Mas o prazo de validade está a ficar cada vez mais curto. E que azar, daqui a uns diazitos já nada me significar. E que azar sentir que estou a começar a ficar cada vez mais fria, mais desnutrida de romantismo, de emoções fortes. E que azar começar a sentir que finalmente sou capaz de enfrentar as coisas de frente, dizer as coisas na frente. E esquecer quem não interessa mais depressa do que demorou a lembrar.

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