É meia-noite.
As palavras fluem-lhe pelo dedos, enquanto as emoções às quais cedeu fazem as vezes do coração e bombeiam por todo o corpo uma adrenalina mais vital que o próprio sangue.
É meia-noite.
Não tem norte, não tem sorte. Apenas escreve, rápida e ansiosamente, como se todo o tempo do mundo não lhe desse tempo suficiente para ela poder dizer tudo o que ia na alma.
É meia-noite.
Ela tenta desesperadamente resolver a charada em que se tornou, mas aquele enigma torna-se cada mais abstracto e mais estrangeiro a si mesma.
É meia-noite.
O desespero de ter tanto para dizer, tanto para mostrar, tanto para gritar aos 4 cantos do mundo. O desespero por os seus dedos não acompanharem o ritmo do seu cérebro. O desespero das letras atabalhoarem-se umas com as outras, enquanto o sangue escorre num fino fio das pontas dos dedos ensanguentados.
É meia-noite.
Recomeça a penosa viagem a que é obrigada fazer, todos os dias à meia-noite. E a tortura da sua descoberta não sai daquele ciclo vicioso.
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