sábado, 5 de janeiro de 2013


Há dias que apetece deitar tudo cá pra fora. Vomitar o emaranhado de palavras que se vai acumulando, juntamente com todos os sapos que somos obrigados a engolir diariamente. E chega o dia que apetece despejar o pote. Dizer ao idiota das obras que se manda mais algum piropo corre grande risco de cair abaixo do andaime, dizer ao velho rebarbado que pode bem olhar mas não é isso que faz erguer os mortos. Dizer àquele cliente chato que a merda da camisola não vai descer o preço só porque está a regatear e que a camisa não lhe fica bem porque o problema é dele que não sabe fechar a boca quando vê comida.
Há alturas que apetece mesmo dizer um valente "f*dam-se todos, que hoje o tasco está de folga e não vai abrir consultório para ninguém."
E apetece principalmente dizer àquelas pessoas, aquelas mesmas que estão a pensar, que são uma cambada de inúteis, egoístas e hipócritas, escumalha da mais baixa que há. Que se lhes nascesse uma borbulha por cada facada que dão pelas costas, muito provavelmente já não haveria um milímetro livre em todo o corpo.
E que não adianta partilhar frases profundas, nem músicas lamechas, nem imagens fofinhas porque toda  a gente sabe bem a escória que são.
Mas não, nunca, muito especialmente nesses dias, se destrava a língua. Pelo contrário, abre-se bem a goela, porque nesses dias, especialmente nesses dias, os sapos vão custar a engolir.

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